sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O VOO - FLIGHT


NOTA: 9.
- Pegaram dez pilotos e os colocaram em simuladores para recriar os eventos que levaram o avião a cair. Sabe quantos conseguiram pousar? Nenhum. Cada piloto bateu o avião e matou todo mundo que estava dentro. Você é o único que conseguiu pousar.

Certos filmes parecem que não vão estrear no Brasil, até receberem alguma indicação ao Oscar e começarem a surgir quase ao mesmo tempo. No caso aqui, temos duas indicações. Uma para roteiro e outro para Denzel Washington, que depois de uma cena em que pousa um avião comercial de forma espetacular, domina o filme apresentando um personagem com uma jornada sombria e que prende a plateia do início ao final do filme. É um lembrete do que o ator pode fazer quando um personagem interessante o atinge.
E ele interpreta aqui Whip Whitaker, um piloto experiente que é mostrado na abertura do filme ingerindo altas doses de álcool  e cheirando cocaína. Provavelmente não é a melhor atitude para quem vai pilotar um avião, então que tal beber mais algumas doses de vodca durante o voo? Conforme vamos vendo o filme, ele parece estar acostumado a ingerir altas doses de drogas que poderia matar muita gente. Mas apesar disso, parece ter também adquirido tolerância a isso, tanto que consegue manter a pose e fazer seu trabalho sem despertar desconfiança mesmo com o co-piloto o olhando assustado.
Depois de uma decolagem tão assustadora que faz o co-piloto gritar o nome de Jesus, Whip consegue levar o avião para um lugar onde o voo segue tranquilo. Tranquilo até que inesperadamente, o avião apresenta um problema e começa a cair de bico. Numa manobra inesperada, Whip coloca o avião de cabeça para baixo e consegue nivelar o avião até conseguir um pouso forçado e salvar quase todo mundo. Dois membros da tripulação e quatro passageiros morrem, mas 96 pessoas saem vivas. E Whip é saudado como um herói.
Num primeiro momento, isso parece ser um sinal para a mudança de vida dele. Ele vai para a fazenda de seu avô, já que sua casa está cercada de repórteres,  joga fora toda a bebida que deixava lá estocada. E olha que eu estou falando de muita bebida mesmo. O problema é que começa a rondar a possibilidade de um julgamento porque estava com muito álcool e drogas no seu sistema quando deu entrada no hospital. Só isso já é o suficiente para que ele comece a beber de novo, muito para alguns mas normal para ele, e mesmo com a presença de uma mulher que está tentando ajudar, sua vida parece ir somente para o fundo. E mesmo a ajuda do seu amigo, e presidente do sindicato, Charlie (Bruce Greenwold) e o competente advogado Hugh (Don Cheadle) não parecem ser suficientes para que haja alguma melhora.
O filme então fica numa batalha para ver o que é mais errado. O avião claramente tinha um problema, mas ao mesmo tempo Whip também não deveria estar no estado que estava. "Ninguém mais poderia ter pousado aquele avião", ele diz e não está errado. Tanto que diversos testes no simulador comprovaram isso, mas o que adianta ele ser inocentado e continuar sua vida de dependência química? Vício que lhe fez perder a mulher, o respeito do filho e que agora coloca seu emprego em risco?
O filme tem a direção de Robert Zemeckis, cujos últimos trabalhos haviam sido todos com animação (Os fantasmas de Scrooge, A lenda de Beowulf e O expresso polar) nos últimos 12 anos. Seu último trabalho live action foi O náufrago e talvez ele pudesse estar enferrujado, mas a verdade é que este está longe de ser o caso. Zemeckis está tão em forma quanto na época de Forrest Gump, e o filme é praticamente impecável.

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