segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

LINCOLN


NOTA: 10.
- Cada um de nós tornou possível que o outro fizesse coisas terríveis.

Estranho que os filmes  americanos, geralmente uma forma de arte bem democrática, não desenvolva melhor o seu próprio "histórico democrático". Normalmente, o que vemos são presidentes, que não existem,  transformados em verdadeiros heróis de ação, sábios impassivos ou até mesmo completos imbecis. Há ainda o caso do próprio Lincoln que anteriormente foi transformado em um caçador de vampiros capaz de usar um machado com extrema habilidade. Habilidade tamanha que poderia fazer diferença em batalha.
É assim e quase como uma regra, mas não podemos esquecer que toda regra tem suas exceções, e uma dessas exceções é este maravilhoso filme do diretor Steven Spielberg. O filme, a grosso modo, se trata do presidente tentando angariar a quantidade necessária de votos para aprovar a lei que aboliu a escravidão durante a Guerra de Secessão (também conhecida como Guerra Civil Americana). Claro que o filme aproveita esse episódio para descrever muito mais do que isso. O que o diretor faz, é mostrar a grandiosidade de um grande personagem e tudo que precisamos saber para entendê-lo (e quem sabe admirá-lo) sem precisar passar pela sua vida inteira. E como bônus, poucos filmes atentaram tanto para os detalhes que fazem parte da política.
Interpretado maravilhosamente por Daniel Day-Lewis, Lincoln é confiante, paciente e profundo conhecedor dos jogos políticos. Ele tem os pés no chão e faz o que acha necessário, desde que não manche sua ética, para atingir seus objetivos. Ele pode não apresentar grandes traquejos sociais, mas é muito inteligente, conhecedor da natureza humana e tem sempre uma história na ponta da língua que possa servir para convencer as pessoas de seu ponto de vista.
Aqui entra um dos trunfos do filme, que está ligado ao que eu disse sobre o filme se tratar sobre assuntos mais diversos do que aparenta. Lincoln considerava a escravidão um ato imoral contra um ser humano em uma época em que muitos sequer consideravam os escravos humanos, mas seu interesse ia além disso. Ele apressa a votação da 13ª Emenda (emenda que abolia a escravidão) porque sabia que se esperasse o final da guerra, ele não aprovaria depois; e também porque dessa forma ele iria reduzir a principal fonte de renda de seus inimigos. E dentro desse jogo político, entram os ótimos Tommy Lee Jones como o mais poderoso político abolicionista e David Strathairn como o secretário de estado.
Spielberg parece ter uma fixação pela guerra. Por isso que, mesmo que o filme tenha muitos campos de batalha sem mostrar batalha, ele não consegue evitar que o início do filme comece sangrento no meio de um lamaçal. Depois disso, o filme foca apenas na parte política de Washington, que é mostrada em cores com tons marrom na fotografia sempre sensacional de Janusz Kaminski, diretor de fotografia que há muitos anos faz parceria com o diretor.
Ao mesmo tempo, Day-Lewis parece ter uma fixação pelo Oscar. Seu Lincoln tem uma fala mansa que parece poder convencer qualquer pessoa. Sua expressão é cansada e envelhecida pelos anos de guerra que o consomem, e seu corpo curvado como se não tivesse mais condições de andar totalmente ereto. Ele não quer que ninguém mais morra nessa guerra. Ele sente pelas mortes e Day-Lewis encarna isso tudo perfeitamente e faz parecer fácil. E estamos falando do mesmo homem que já interpretou papéis díspares como o Açougueiro no filme de Scorcese e um "moicano". Talvez não haja nada que ele não possa fazer.
É uma aula de história, ainda que não pareça uma. Pelo menos nunca tive uma aula de história que tivesse me prendido tanto. Que tenha me deixado tão interessado. O filme termina tão logo o presidente é assassinado, mas nem acho que essa cena seja necessária. O filme poderia ter acabado com o fim da escravidão e da guerra, que é o verdadeiro legado de Lincoln. Talvez com a leitura em voz alta da Emenda (não ouso dizer que lê). Ele não entrou pra história porque foi assassinado, mas acho que se não houvesse essa cena grande parte da plateia poderia ficar decepcionada. De qualquer forma, é um filme para ser visto mesmo por quem não é fã de história. Para mim, é ainda mais gratificante assistir esse filme depois de ter assistido recentemente O nascimento de uma nação, pois assim posso desassociar a imagem do ex-presidente americano de um filme tão racista.

2 comentários:

  1. LINCONL: o filme linconl é òtimo só que faltou um pouco de aventura em algumas cenas...

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  2. LINCOLN: o filme foi ótimo, mas precisava aparecer a cena em que ele é baleado...e também faltou aventura.

    ASS:victor, matheus henrique

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