quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

UM TIRA ACIMA DA LEI - RAMPART


NOTA: 9.
- Tenha em mente que eu não sou racista. Eu odeio todas as pessoas igualmente.

Woody Harrelson interpreta um policial em uma delegacia que ficou conhecida em 1999 por ter uma quantidade absurda de policiais corruptos. Pode-se pensar que ele aprendeu com isso, mas o fato é que ele é um policial tão corrupto quanto os de 99. Talvez até mais. Co-escrito por James Ellroy, cujas obras já renderam diversos filmes policiais, o interessante é observar que ele não é um policial que se junta a outros para ser corrupto. Estar em Rampart ou em outro lugar não faria diferença. Ele é uma força de corrupção autossuficiente. 
Talvez haja um motivo para ele ser corrupto do jeito que é, mas o mais interessante é observar que o filme não produz respostas para isso. Diferente dos demais filmes, nosso "herói" não está precisando de dinheiro, não está correndo atrás de luxo e não está atrás de qualquer tipo de vingança, seja contra um grupo de pessoas ou mesmo "contra o sistema". Ele faz o que faz porque simplesmente é uma pessoa sem nenhum instinto moral dentro de si.
Ele é racista ao extremo e procura ter relações com mulheres apenas para fins sexuais. Tanto é que casou com duas mulheres que são irmãs e as colocou morando em casas vizinhas, onde fica com as filhas que tem, uma de cada casamento (as meninas são irmãs e primas ao mesmo tempo). Aparentemente, a única relação de afeto seriam com as filhas, tanto que se diz que ele matou um estuprador por conta desses sentimentos com as filhas. Mas vendo o filme, fica difícil de acreditar que isso seja verdade. É mais provável que ele tenha matado o homem porque simplesmente ele queria matar alguém. Ou talvez porque o estuprador fosse negro.
De qualquer forma, Brown (Harrelson) faz a última coisa que a delegacia precisa: ele é filmado espancando um negro no meio da rua. Ele até tem motivo para se defender, mas em nenhum momento ele parece querer acabar com o ato de agressão. Pelo contrário, parece mesmo é que ele sente prazer de estar realizando aquele "trabalho". Não parece haver escapatória para ele. É o bode espiatório ideal para  a assistente da promotoria (interpretada por Siourney Weaver), tem um caso frustrado com a defensora (Robin Wright) e insulta racialmente o policial negro que o está investigando (Ice Cube). Mesmo outras pessoas corruptas se afastam dele.
Harrelson é ideal para este tipo de papel. Ele é capaz de fazer seu personagem parecer de um jeito e levar a plateia a descobrir que é de outro totalmente diferente. Esse é a segunda vez que trabalha com o diretor e roteirista Oren Moverman. Em O mensageiro, ele treinava um jovem no ofício de dar notícia à famílias de soldados mortos. Seus ensinamentos diziam para manter afastamento emocional, mas acabamos descobrindo que ele tinha sentimentos no final das contas. Ter um ator como ele em um papel como esse, apenas enriquece os filmes. Afinal, aqui ele pode ser realmente amoral e sem sentimentos? Talvez ele possa. Talvez ele simplesmente seja assim e pronto.

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