quarta-feira, 11 de abril de 2012

TOQUE DE RECOLHER - TAPS


NOTA: 8.
- Honra não conta para nada quando você está diante de garoto morto.

Apesar de parecer um filme realístico, o que temos aqui é um filme que não toma traços reais. Explico: o filme foi todo gravado em locação, no caso uma academia militar, mas sinto falta de algumas coisas que deveriam existir na realidade. Se é uma academia militar, onde estão os cadetes adultos do filme?  O único adulto que aparece é um velho veterano de guerra que parece estar caducando. O que me parece, é que se utilizaram de um fundo realístico para contar uma história fantasiosa. Em especial, uma fantasia sobre a natureza humana de adolescentes jovens demais para saberem em que mundo estão crescendo.
O filme começa com o ano letivo do colégio. Uma parada completa com os alunos e tudo o mais. Todos orgulhosos de si mesmos reverenciando o velho general Harlan Bache, que provavelmente não por coincidência, é interpretado por George C. Scott, que se eternizou no papel de Patton. Ao fim da parada, Bache dá seu discurso onde anuncia que ao fim do período letivo a academia irá fechar suas portas para que o terreno possa ser vendido.
Brian Moreland (Timothy Hutton) não aprova a ideia. Ele é um aluno dedicado que foi indicado para ser o cadete líder no próximo ano. No que deve ser uma das maiores honras da sua curta vida, ele é convidado para jantar o general e ouvir suas histórias de guerra. Até mesmo beber um pouco de brandy com ele. Porém, toda a disciplina, glória e tradição parecem ir por água abaixo com o fechamento da academia. Tudo para construírem um condomínio. Para piorar, Bache é retirado de cena por conta de um incidente envolvendo um jovem da cidade.
Moreland toma todo o inventário de armas e suplementos onde começa um sítio no colégio. Contando com os outros alunos, eles fazem uma ocupação militar com a condição de que a academia não seja fechada. Participam dessa ocupação até mesmo alunos mais novos, com cerca de 10 anos de idade. Eles tem apenas uma lista de exigências que eles acreditam que podem salvar a escola de ser destruída.
A maior parte do tema, é sobre essa resistência, que do lado de fora conta com a oposição de policiais e da guarda nacional. Surgem alguns problemas em relação à história, como: onde estão todos os adultos responsáveis pelo funcionamento da escola? Por que os jovens estudantes teriam acesso á munição de verdade? Por que as pessoas de fora são tão incompetentes para acabar com uma rebelião formada por crianças? Mas a verdade é que isso pouco importa.
Pouco importa porque o filme é na verdade um estudo sobre caráter. Sobre personagens. Sobre adolescente que conseguem distorcer o que lhes foi ensinado para usarem de forma que possam justificar seus próprios atos, não importa quão errados eles pareçam. Por isso temos o ideológico Moreland, seu amigo que só parece estar ao seu lado por se importar com ele, Dwyer (Sean Penn) e um outro que parece estar interessado em uma guerra real, Shawn (Tom Cruise).
Por acompanharmos esses personagens tão de perto, nos aproximamos um pouco desse universo onde eles se encontram. Apesar de não ser fã de militares, reconheço que compartilhei o desespero deles por terem sua escola fechada, pela situação que estão seu amor pelo estabelecimento (que não sei porque nenhum adulto parece ter). Com atuações precisas, o filme me absorveu para dentro desse universo e me fez ficar interessado.

Um comentário:

  1. Na verdade existem algumas academias militares (inclusive aqui no Brasil) que são apenas para adolescentes. Vide EPCAR, Colégio Naval, Expcex ...

    Apesar de um pouco limitada, é uma boa resenha. Esse filme é excelente. Recomendo à todos assistirem.

    Fabiano.

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