sexta-feira, 15 de julho de 2011

A PONTE DO RIO KWAI - THE BRIDGE ON THE RIVER KWAI


NOTA: 9.
- Não fale comigo sobre regras. Isso é guerra. Não um jogo de críquete. 

Ao final do filme a palavra "loucura" é repetida inúmeras vezes. E é loucura que leva o filme até seu desfecho. Os dois principais personagens são completamente loucos, tanto o mocinho, o oficial inglês, quando seu captor, o oficial japonês. Provavelmente, o mocinho consegue ser ainda mais louco que o vilão. E acompanhamos o filme pelo ponto de vista dos dois personagens além do americano interpretado por William Holden, provavelmente o único são de seus protagonistas.
O filme abre com o personagem de Holden, Shears, enterrando alguns soldados mortos no campo de prisioneiros comandado pelo coronel Saito. Saito não está muito preocupado com as regras sobre como tratar os prisioneiros, ele quer apenas que as coisas saiam do seu jeito, não importa como e não importa o que ele tenha que fazer. Shears sabe que ele é louco e procura apenas se manter vivo e não irritar ninguém. Quem sabe escapar. Por isso ele está vivo enquanto tantos outros morreram.
Chega então todo um pelotão comandado pelo coronel Nicholson (Alec Guinness), o outro que é tão louco quanto o próprio Saito. O japonês quer que os prisioneiros construam uma ponte sobre o rio Kwai, e como seu calendário está apertado ele quer que todos ajudem na construção, incluindo os oficiais. Aí entra a batalha de loucura entre os dois: Saito está disposto de torturar para que tenha seus desejos realizados, e Nicholson está mais preocupado com as regras sobre o tratamento de prisioneiros, que inclui que oficiais não devem trabalhar, do que está preocupado se vai ajudar o inimigo ou não com a construção da ponte. Apenas os que não são coronéis parecem perceber a loucura daquilo tudo, e isso inclui Shears, mas nenhum deles está em posição de fazer alguma coisa a respeito a não ser receber as ordens.
A maioria dos filmes de guerra costumam discursar sobre ela. Seja a favor ou contra, mas é sempre o assunto principal. Este é um filme sobre a guerra, mas em nenhum momento discursa sobre ela. Toda a guerra que acontece em volta não afeta o que acontece nesse filme, que se estreita sobre a construção da ponte e a relação entre os dois oficiais. Essa é a sua maior força, seu grande trunfo. O resultado da guerra ou dos acontecimentos daqui não importam tanto, e sim o comportamento de seus personagens.
O filme concorreu a oito prêmios da academia, incluindo seus dois protagonistas, diretor (David Lean), roteiro e filme. Hayakawa, que interpreta Saito, foi o único indicado do filme que não levou sua estueta (será por ser japonês?). 
Lean conduz o filme brilhantemente até sua conclusão com um certo suspense. É difícil saber o que realmente vai acontecer ao final do filme. Se a loucura irá se sobrepor à razão. Há apenas um pequeno deslize em mostrar uma história paralela de Shears que quebra o ritmo do filme (até mesmo por ele estar um pouco fora do tom do filme) e se mostra muito mais longa do que deveria realmente ser, mas ainda assim o filme não é sobre ele. É sobre os dois oficiais. E eles estão ótimos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...