segunda-feira, 11 de julho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 09: CHANTAGEM E CONFISSÃO - BLACKMAIL (1929)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 7.
- Você e sua Scotland Yard. Se não fosse por Edgar Wallace ninguém teria ouvido falar de vocês.

Tido inicialmente como mais um filme mudo, os produtores resolveram mudar quando O cantor de jazz (primeiro filme falado) começou a fazer sucesso. Eles queriam que o último rolo do filme fosse falado enquanto o resto permanecesse mudo, o que não era incomum na época (vendia-se como um filme parcialmente falado). Hitchcock se precaveu e o filmou todo falado só precisando refilmar algumas cenas.
Assim como aconteceu com todos os diretores da época, Hitchcock teve que "reaprender" o seu ofício (os que não reaprenderam se aposentaram). O novo cinema falado exigia uma técnica diferente para filmar por conta de seu equipamento complicadíssimo, que foi sendo aperfeiçoado conforme ia sendo cada vez mais usado pela indústria. O resultado do filme é um pouco estranho. Não se define entre um filme mudo ou falado.
O filme começa mostrando uma dupla de detetives trabalhando. Eles prendem um homem que tenta surpreendê-los com uma arma e depois de realizar todos os procedimentos na delegacia eles saem como se fosse um trabalho qualquer. Apenas mais um dia de trabalho. O mais jovem deles se encontra com a noiva e saem para jantar, mas eles brigam durante a refeição e ela acaba indo para casa de um pintor que conheceu. Acontece que o pintor tenta estuprá-la e pra se defender ela o mata com uma faca.
O caso vai ser investigado pelo jovem detetive noivo da mocinha, que descobre uma evidência de que foi ela que cometeu o crime, mas ele está disposto a abafar o caso em prol dela. O problema é que aparece um homem que também tem uma evidência que foi ela e começa a fazer chantagem para não entregar para a polícia.
Para o tema que tem, o filme é muito lento e arrastado. Pouca coisa acontece e quando acontece demora para se desenvolver. Principal: não há mistério. A atriz que interpreta a mocinha, era alemã com um sotaque muito carregado. Para não ficar estranho, sua voz foi dublada por uma atriz inglesa. Como ainda não havia as técnicas de dublagem, a atriz ficava no canto da cena recitando os diálogos enquanto a alemã movia os lábios. Minha única dúvida é porque escolheram uma voz tão estridente. Em determinado momento a voz incomoda um pouco.
Novamente Hitchcock reclama de que não teria feito o filme como desejava. Ele queria que a moça se entregasse e que da mesma forma como o filme começa, terminaria. Com os dois detetives se encontrando e quando o mais velho perguntasse se ele iria ver a namorada ele diria que não, que estava indo para casa. Seu adeus aos filmes mudos, segundo ele mesmo diz no livro é bem simples mas eficaz. Era costume nos filmes mudos que o vilão tivesse um bigode. Aqui o pintor não tem, mas ele faz uma sombra incidir sobre o rosto do homem formando um bigode ainda mais ameaçador que um bigode original.
Apesar de seus defeitos, o filme é um dos melhores que recordo ter visto dessa transição do cinema mudo para o falado. Nessa época, Chaplin, por exemplo, usaria som mas não diálogos. Muitos dizem que o som foi um retrocesso do cinema e não estão de todo errados. A forma de filmar com som causou uma "paralisia" no cinema que demorou a ser contornada. Pelo menos Hitchcock tentou dar uma emoção diferente do que se fazia na época, que era de musicais.

Um comentário:

  1. Milagre! Demos a mesma nota para o mesmo filme! rsrsrsrsrsr
    Grande abraço amigo!

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