segunda-feira, 4 de julho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 08: O ILHÉU - THE MANXMAN (1929)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 5.
- Que lucro tem um homem, se ele ganha o mundo inteiro mas perde sua alma?

Ao contrário do filme anterior de Hitchcock, que era uma comédia, o filme seguinte foi um drama seríssimo mas de um tema antiquado para os dias de hoje. Segundo o diretor, o único interesse desse filme é ser seu último  mudo. Truffaut comenta como o filme já parece uma preparação para os filmes falados. Geralmente, nos filmes mudos, nunca consegue-se entender o que os personagens estão falando. Mas aqui, a mulher "diz" (articulando os lábios, obviamente) tão claramente que está grávida que Hitchcock sequer coloca uma cartela para indicar a fala.
O filme conta a história de um triângulo amoroso à moda antiga (para não dizer antiquada) entre dois amigos de infância por uma mulher, Kate, a filha do dono do bar local. Um é o marinheiro Pete e outro é um advogado de nome Philip. Sem saber que seu amigo também gosta da garota, Pete pede a Philip que convença o pai dela a deixar os dois se casarem. Por ser pobre, o pai lhe nega o pedido. O marinheiro viaja para África para fazer sua fortuna. Ele pede que ela espere pela volta dele e num momento de fraqueza ela diz que sim, sendo que ela está realmente apaixonada pelo advogado.
A mãe do advogado lhe diz que o que interessa é seu futuro. Sua felicidade. Logo depois, chega uma carta dizendo que o marinheiro está  morto e os dois finalmente começam seu romance, que dura até a volta de Pete que está são e salvo. Ele e Kate se casam, mas a moça está grávida de Philip. Apesar de Pete não perceber que o filho não é dele, a garota aguenta as mentiras até não conseguir mais mentir. Ela quer ficar com Philip, mas ele não quer arriscar sua carreira ou sua amizade com Pete. Mesmo assim ela deixa para trás seu marido e filho e procura seu amante, que lhe dá abrigo em segredo.
O caso se resolve quando Philip, agora o juiz da cidade, tem como seu primeiro caso Kate, que tentou o suicídio depois que Pete se recusou a deixá-la levar seu filho. Num julgamento sem a menor veracidade ou mesmo senso, Philip assume seu romance com Kate e a paternidade da criança. Perde seu cargo e amigo, mas fica com a mulher e o filho e parte da cidade. Um péssimo final de um filme não muito bom.
A história é pouco inspirada e o diretor não parece ter ficado satisfeito com o resultado ou mesmo de ter filmado a produção. Ele diz que o autor do livro tinha uma certa reputação e que essa reputação tinha que ser respeitada. Esse respeito deve ter feito com que o diretor tivesse ficado insatisfeito, talvez por isso ele posteriormente tenha preferido adaptar livros que não eram sucesso. Para encerrar sua fase muda, ele discorre sobre a diferença entre os filmes mudos e falados:
"Os filmes mudos são a forma mais pura de cinema. A única coisa que faltava aos filmes mudos era evidentemente o som que saía da boca das pessoas e ruídos. Mas essa imperfeição não justificava a grande mudança que o som representou..." "Não se deveria ter abandonado a técnica do cinema puro, como fez o cinema falado." "Sempre me esforço em procurar primeiro a maneira cinematográfica de contar uma história, pela sucessão dos planos e pelos fragmentos de filmes postos entre eles. Com o surgimento do falado, o cinema se imobilizou abruptamente numa forma teatral. A mobilidade da câmera não muda nada nisso. Em suma, pode-se dizer que o retângulo da tela deve estar repleto de emoção."

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