segunda-feira, 13 de junho de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 05: O RINGUE (1927)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.

NOTA: 8.
- Jack. Eu estou com você. No SEU corner.

Todos os filmes que Hitchcock havia dirigido até este momento, tinham sido pela produtora inglesa Gainsborough. O diretor recebe então a proposta de fazer filmes pela British International Pictures, que lhe promete orçamentos mais generosos e uma maior liberdade artística. Talvez seja essa nova liberdade recém-adquirida que fez com que ele gostasse tanto do resultado a ponto que considerasse esse filme como seu segundo filme hitchcockiano, depois de O inquilino sinistro.
Como Truffaut bem observa, "não é um filme de suspense, não comporta nenhum elemento criminal". A história é um triângulo amoroso entre uma mulher e dois lutadores de boxe. Um deles, é seu noivo que é conhecido como "One Round Jack", pelo fato de levar todos os seus adversários ao nocaute logo no primeiro round. Jack não é um lutador profissional, suas lutas se dão em um circo onde qualquer pessoa pode enfrentá-lo e sua noiva (conhecida apenas como "The Girl") vende os ingressos.
Um dia, aparece um homem que fica interessado por ela e começa a flertar com a jovem, que lhe corresponde. Quando ele sobe ao ringue, não apenas passa do primeiro round como derrota Jack. Acontece que este homem era o campeão mundial de boxe Bob Corby, que depois da vitória dá a garota um bracelete (em forma de serpente, um dos muitos simbolismos) e a chance a Jack de se tornar um boxeador profissional. Quando Jack descobre do romance dos dois, ele decide a ir subindo no ranking até ter a chance de enfrentar o campeão pela defesa do título, e da garota.
Hitchcock diz que havia todo o tipo de inovações no filme. Uma montagem em especial fez com que ele recebesse aplausos na platéia durante a estréia do filme, coisa que nunca havia acontecido antes. A crítica percebeu todos os pequenos detalhes, e eram muitos detalhes, e simbolismos (como já disse), o que fez o filme ser um sucesso de crítica, mas não de público.
Há uma cena muito interessante em que o diretor faz uma passagem de tempo. Quando Jack decide disputar o título. O nome de Bob aparece no topo do poster, enquanto o de Jack aparece no final, uma árvore vai mudando indicando a passagem de tempo enquanto o nome de Jack vai subindo no poster. A árvore com folhas verdes, depois florida e por aí vai. Até que seu nome apareça maior e no topo do poster junto ao nome de Bob. Hoje em dia é um ato corriqueiro de tão usado, mas Hitchcock toma para si o mérito de ter sido o primeiro a usar essa técnica.
Apesar de fugir do gênero ao qual todos o associam, ainda assim se trata de um ótimo filme mudo. Muitas pessoas associam filmes mudos apenas a comédias de Chaplin ou Keaton, mas devemos lembrar também que os dramas tinha uma importante parte na história. Talvez seja mais difícil ainda associar o diretor a filmes mudos, mas ainda assim ele fez. São dois exemplos que ele diz se orgulhar. Esse é um deles.

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