domingo, 10 de abril de 2011

NO CALOR DA NOITE (1967)


NOTA: 9.
- Eles me chamam de SENHOR Tibbs.

A melhor cena do filme, para mim, não está no final do filme. Tibbs (Sidney Poitier) vai até a casa de um rico homem branco, Endicott, para fazer algumas perguntas. Em determinado momento, Endicott lhe dá um tapa no rosto. Sem pestanejar, Tibbs lhe devolve o tapa e o homem fica sem saber como agir. Aquele tapa é a mensagem que não há mais espaço para o racismo no cinema. Endicott ainda diz que se fosse outros tempos, faria Tibbs ser morto por isso, mas agora não há nada que ele possa fazer.
É uma pequena cidade que pode crescer por conta de uma fábrica que vai se instalar lá. O homem que está construindo a fábrica é encontrado morto, vítima de uma pancada na cabeça. Um policial vai até a estação de trem e encontra um homem negro sentado. Numa cidade racista como aquela, aquele negro é o provável culpado, e se não for o culpado pode ser transformado em culpado.
Acontece que o negro, que estava somente de passagem, é um policial e não um comum, ele é perito em homicídios. Os policiais daquela cidade existem apenas para manter a ordem e "colocar os negros nos seus devidos lugares". Eles não estão aptos para aquele tipo de crime. Por isso a viúva pede que Tibbs auxilie nas investigações ou ela vai desistir de montar a fábrica naquele lugar. Tibbs pode não ser bem vindo, mas terá que ser tolerado.
Tibbs é diferente de todo o resto das pessoas daquela cidade. Não importa a cor. Ele é um homem muito mais sofisticado do que toda aquela cidade. Principalmente se considerarmos que praticamente todos são ignorantes racistas e os únicos que ficam do seu lado só o fazem depois de irem para a cadeia.. Toda sua sofisticação pode não servir para muita coisa, se ele sumir, ninguém será punido por isso. E mesmo que seja tolerado pela polícia, ainda tem todo o resto da cidade contra ele.
O filme é muito bom para destacar os conflitos do policial com o resto das pessoas. O único problema é que foca muito nessas relações e acaba negligenciando um pouco a resolução do crime. No final, ele descobre o culpado e fica difícil de saber qual foi o seu raciocínio. Nada que atrapalhe o andamento do filme.
A dupla principal entre o xerife (Rod Steiger) e Tibbs é o melhor do filme. Primeiro, o que os une é o puro profissionalismo. Depois, um respeito começa a ser forjado entre os dois. Não apenas pelo xerife, mas também por Tibbs. E os dois atores interpretam com maestria os seus papéis, fugindo dos estereótipos do gênero. Steiger ganhou um Oscar pela sua atuação. Uma pena que no final, nada na cidade tenha mudado. A única coisa que Tibbs conseguiu foi resolver um assassinato, nada além disso.
O filme também ganhou o prêmio de melhor filme. E olhe que se tratava de um ano ótimo para o cinema. Concorriam para filme os ótimos Bonnie e Clyde - Uma rajada de balas, Adivinhe quem vem para o jantar (também com Poitier) e A primeira noite de um homem. Não era o melhor, mas ainda assim um filme notável.

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