sábado, 16 de abril de 2011

HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE CHAPLIN: LUZES DA CIDADE


NOTA: 100.
- Você pode ver agora?

No dia 16 de abril de 1889, nascia Charles Spencer Chaplin, criador do personagem conhecido apenas como "The Tramp" (O Vagabundo). Li uma vez que a imagem do personagem é a mais famosa no mundo inteiro. Então devo supor que estou escrevendo sobre um personagem que todo mundo que está lendo, conhece.
Se perguntar sobre Chaplin, todos vão dizer que fazia comédias e citarão, principalmente, Tempos modernos e O grande ditador como seus melhores filmes. Bem, eu diria que o que ele fazia ia muito além de uma simples comédia, e se pudesse rever apenas um de seus filmes (que nada aconteça com seus filmes para que ninguém tenha que fazer essa escolha), o filme seria este.
Ele estreou o filme em meio a dois importantes eventos históricos. A grande depressão abalava economicamente e o cinema estava se reinventando. Fazia 3 anos que o primeiro filme falado tinha sido lançado e todos estavam correndo para lançarem seus filmes com falas. Chaplin foi contra à corrente e lançou seu filme sem um diálogo sequer, e ainda brincou com as duas coisas.
Logo no início, vemos o que vai ser a inauguração de uma estátua. O homem vai ao microfone para falar, mas ao invés de palavras, ouvimos um estranho barulho. Soa como um discurso, mas é incompreensível. Chaplin estava dizendo o que achava do cinema falado. Ele era a favor do som nos filmes, mas era contra os personagens falarem. Por isso que The Tramp nunca falou. Quando Chaplin finalmente falou em um filme, o personagem era diferente. The Tramp jamais falaria, e nunca falou porque não precisava falar. Seus gestos diziam tudo que precisávamos entender.
Ainda bem que ele se arriscou assim. Naquela época, a sonorização dos filmes ainda engatinhava e os filmes só podiam ser rodados em estúdios. Tais limitações só fariam o filme perder o seu encanto. Sem diálogos e com pouquíssimas cartelas (também quase tão desnecessárias quanto os diálogos), acompanhamos o mais nobre dos vagabundos conhecendo uma jovem vendendo flores. Ele demora a perceber que a jovem é cega. Ouvindo um barulho de porta de carro, ela acha se tratar de um homem rico. Ele se apaixona por ela e ela por ele. Apesar da confusão, eles se apaixonam por algo que vai além da beleza. Ela não pode vê-lo, o que a faz se apaixonar é a pessoa que ele realmente é. Ela foge de todos os estereótipos.
A outra relação que ele mantém no filme, também é de certa forma similar. O milionário que tenta o suicídio é salvo por ele e promete amizade eterna. O único problema é que toda vez que fica sóbrio, se esquece, mas quando volta a beber, vira novamente seu amigo. Isso acontece algumas vezes. Na última vez que se encontram, Chaplin lhe pede dinheiro para uma operação que pode restaurar a visão da jovem. O homem bêbado lhe dá o dinheiro, quando sóbrio o confunde com um ladrão querendo lhe roubar. Chaplin consegue fugir com o dinheiro e dá para a moça. Ele sabe que terá que pagar por isso, mas também sabe que vale a pena. Que ela vale a pena.
No final do filme, ele sai da cadeia e está ainda mais maltrapilho do que quando entrou. Ele passa em frente à loja que a jovem montou para vender flores. Ela não o reconhece. Como poderia? Ela nunca o viu. Ela o chama e ele tenta fugir, mas se vira para ela. Ela lhe dá uma rosa e uma moeda. Ao entregar a moeda, pelo toque, reconhece a mão dele. Ela não sabia que ele era pobre. "Você?", ela lhe pergunta. Ele somente balança a cabeça positivamente. "Você pode ver agora?", ele pergunta, e abre um sorriso. Ele sorri porque sabe que realmente valeu a pena. Aquela mulher é uma boa pessoa como ele imaginava que fosse.
É por isso que digo que seus filmes vão além da comédia. Claro que ele fazia rir, e aqui temos uma cena de luta de boxe que é candidata a mais engraçada de todos os tempos, mas seus filmes vão muito além das risadas. Eles tocam o coração. Aqui, não é somente o final do filme que nos emociona, mas em várias cenas ele mostra isso. 
E se nem o final deste filme te emocionar, se você realmente parar para prestar atenção no filme e a cena não surtir efeito algum, nada mais o fará. Você está além de qualquer relação humana, porque, para mim, estamos diante do melhor e mais emocionante final de um filme de todos os tempos. Mudo ou não. Agora, se reagir com emoção, verá porque Chaplin é o maior de todos os tempos. E porque esse é um dos melhores filmes.
Assim como ele é protagonista da cena mais emcionante do Oscar. Ele foi receber um prêmio honorário e teve o que deve ser (não posso afirmar com certeza) a maior ovação da história da cerimônia. Foi o reconhecimento de um gênio. E foi também um prêmio se emcionar como emocionou tanta gente. Poucos aplausos devem ser mais merecidos.

Um comentário:

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