quarta-feira, 27 de abril de 2011

02 - ESPECIAL ELIZABETH TAYLOR: QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?


NOTA: 8,5.
- Eu juro que se você existisse, eu me divorciaria de você.

Esta é outra adaptação de uma peça que entra nesta lista. Dessa vez, uma peça escrita por Edward Albee, que ao contrário de Tennessee Wiliams, gostou do resultado final da transposição para as telas. Ela divide as telas (novamente) com Richard Burton e o resultado também é de um filme com uma acidez fora do normal. Poucas vezes um filme teve todos os seus atores creditados indicado para o Oscar, este é um deles. As duas mulheres venceram, os dois homens não.
Acompanhamos a volta para casa do casal principal: Martha (Taylor) e George (Burton). Eles estão vindo de um jantar, e um jovem casal que estava junto se juntará a eles em breve. Aparentemente para beber mais ainda do que já beberam e poderem conversar com mais franqueza. A pequena reunião começa com pequenas brincadeiras de mal gosto que vão ficando cada vez mais cruéis com o avançar da noite, e do nível alcoólico de todos. Em especial do casal anfitrião que, mais velhos, estão mais acostumados em dizer as piores coisas um para o outro. O amanhecer traz apenas a destruição total dessas pessoas.
Além do quarteto, há um importante personagem que não aparece de verdade. É o pai de Martha, dono da universidade onde os dois homens do filme trabalham. George parece não ter conseguido chegar onde queria lá dentro e a chegada deste novato vem a ser uma ameaça. O pai de Martha não parece confiar nele. Além disso, Martha sempre compara seu marido com o pai. Mais uma forma de rebaixar George é idolatrando o pai. Não há muito que ele possa fazer, afinal é o dinheiro de pai de Martha que os mantém naquele lugar.
Aqui neste filme, pelo menos, há uma tentativa de esconder o tom teatral do filme. Os personagens se movem para diferente cômodos da casa e há cenas no jardim e eles até mesmo saem da casa para irem a um bar, em determinado momento. Não afasta totalmente a sensação de estarmos vendo uma peça, mas pelo menos ameniza.
Adaptações de peça de teatro para o cinema são sempre complicadas. Em especial naquela época em que muita coisa era assunto proibido em Hollywood. Por isso muito cineastas evitam adaptações. Mike Nichols não apenas topou a parada como fez desse filme sua estréia, baseado em uma peça que era o maior sucesso da época. Só é uma pena que os enquadramentos não são inventivos e Nichols ainda não sabia como deixar sua marca. Parece que a presença de dois astros, muito maiores que ele, o intimidou e ele queria apenas acabar logo com o trabalho. Longe de ser o Nichols que conheceríamos depois por Closer e A primeira noite de um homem.
Ainda assim, é um filme muito interessante. Taylor usa a experiência em Gata em teto de zinco quente para comandar o show de maldades do filme. Se no outro ela dividia a cena com outras pessoas, aqui ela é soberana e mesmo Burton não consegue pará-la. Umas das atuações mais impressionantes da atriz, que declarou ser este seu melhor trabalho. Se é realmente o melhor trabalho, é difícil dizer, mas com certeza foi marcante. Espetacular como ela.

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