sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

INVERNO DA ALMA


NOTA: 10.
- Mãe, olha pra mim. Tem umas coisas acontecendo e eu não sei o que fazer. Você pode me ajudar essa única vez? Mãe? Olha pra mim. Teardrop acha que eu devo vender a casa, mãe. Eu devo vender? Por favor, me ajude só dessa vez. Eu não sei o que fazer.

Este filme, duplamente premiado no Festival de Sundance (roteiro e filme), chega para disputar o Oscar. Não apenas de roteiro adaptado e filme, mas também pelas atuações de seus atores principais: Jennifer Lawrence e John Hawkes. Lawrence é um rosto relativamente novo, mas Hawkes é um vetereno que geralmente faz papéis pequenos de bandidos em filmes como A hora do rush e Identidade, ele só precisava de um papel decente para poder mostrar quão competente ele pode ser.
Lawrence faz o papel de Ree Dolly, uma adolescente de apenas 17 anos que já carrega todas as responsabilidades em suas costas. Sua mãe sequer fala alguma coisa durante o filme, apenas fica o dia inteiro sentada sem fazer nada. É Ree quem tem que cuidar não apenas dela, mas de seus dois irmão pequenos, os alimentando e educando como pode.
Até que o xerife aparece procurando o pai de Ree. Acontece que ele pôs a casa como garantia da fiança para sair da cadeia e sumiu. Se em uma semana ele não aparecer, Ree terá que sair com a família da casa. Simples assim. Ela apenas diz que vai encontrá-lo e parte em sua busca.
É aí que o filme entra em um "novo mundo". Para achar seu pai, Ree vai procurar perguntando para todos os seus antigos associados. Todos que ela encontra no filme são bandidos, o que inclui até mesmo o seu vizinho e seu tio, Teardrop (Hawkes). É uma parte da sociedade que parece abandonada pelas autoridades. Está mais para um mundo pós-apocalíptico do que para uma cidade.
As pessoas também não são muito diferentes. Geralmente vemos em filmes criminosos que têm problemas de confiar em pessoas de fora. Essa menina é filha de um deles. Em alguns casos é até familiar, e mesmo assim eles não confiam nela. Em uma parte da jornada ela já não sabe se vai encontrar seu pai vivo ou morto, mas de qualquer forma ela têm que encontrá-lo para não perder a casa. Procurar entre essas pessoas desconfiadas e violentas só torna tudo mais difícil.
A força do filme é a personagem Ree. Apesar da ótima interpretação de Hawkes, é ela, e ela somente, quem leva o filme para frente. Ela é forte e orgulhosa e ensina isso para seus irmãos, mas onde ela aprendeu a ser assim? Os irmãos podem crescer fortes porque ela ensinou, mas duvido que ela tenha aprendido com isso com os pais dela. E quando digo que ela é forte, não quero dizer força física. Ela não bate em ninguém, não ameaça ninguém. Pelo contrário, ela é ameaçada e ainda assim encontra forças para seguir em frente. Sua única arma é a esperança de que as pessoas vão fazer a coisa certa. Se duvida de sua força, pensa em quão forte ela tem que ser pra abdicar de sua vida, sua adolêscencia, para que seus irmãos fiquem brincando. Tenham uma infância.
Os melhores heróis de filmes são pessoas comuns que se encontram em uma necessidade e a enfrenta do jeito que pode. Ela não vai descobrir de uma hora para a outra que é a escolhida e vai bater e atirar em todos. Ela vai usar apenas o que tem. Podia ser um filme desesperador, mas a esperança que a protagonista tem não deixa que fique assim. E acabamos torcendo para que ela tenha um final feliz. Ou pelo menos tão feliz quanto um filme como esse possa ter.

3 comentários:

  1. Te texto é melhor que o filme.

    Concordo que é interessante, mas no geral torna-se frágil e até mediano - bem verdade, caminhamos com a personagem de Lawrence que, de fato, tem uma atuação magistral. Mas, acho que o roteiro e até a direção não consegue trazer os personagens tão próximos de nós. Não é por conta da tal "alma" fria, é limitação mesmo da construção do estudo dos personagens ali...o filme, por vezes, parece não sair do mesmo lugar e somente o talento perfeito de Lawrence consegue provocar alguma atração com o que vemos.

    Acho que a direção de Granik é muito, muito, correta...poderia ter ousado mais, acentuado mais, sei lá...não vejo esse grande filme como muitos acham, nem mesmo acho o desfecho 'chocante' como outros dizem. Na verdade, o final poderia ser mais delineado...e discordo da indicação ao Oscar de Hawkes e filme. Quem deveria ter sido indicado, no lugar dele, é Andrew Garfield por "A Rede Social". E "Blue Valentine" é um filme mais denso e instigante que este, ao meu ver. Este sim poderia ter recebido a indicação de Filme...

    Bom, fico feliz em ver como Lawrence tem tido o reconhecimento, afinal é uma bela atriz. Gosto dela no "Vidas que se cruzam", conhece?

    Abração!

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  2. Não conheço esse.

    Se não me engano, ela vai estar no próximo X-men, que pormete ser mais uma bomba.

    Mas é linda e tem talento.
    Acho que ainda vou vê-la bastante.

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  3. Acho que eu concordo com o Cristiano... O filme é bom, os dois atores fazem um baita trabalho, mas de maneira geral, não conseguiu me empolgar.

    Ah, e se tu ainda não viste o First Class, olha, acho que vais mudar teu conceito sobre ele (a January Jones é só pose mesmo, mas a Jennifer Lawrence dá outro show no papel da Mística)...

    Grande abraço!

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