quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CLUBE DA LUTA


NOTA: 6.
- Se você acorda num lugar diferente, em um horário diferente, você pode acordar como uma pessoa diferente?

Antes de começar a resenha, deixe-me esclarecer uma coisa muito importante: eu gosto muito do trabalho do diretor David Fincher. Seus trabalhos em Seven, Vidas em jogo, O curioso caso de Benjamin Button e no mais recente A rede social são ótimos e me fazem ficar curioso para ver o trabalho que fará na versão americana de Os homens que não amavam as mulheres.
Tendo dito isto, eu agora declaro que não gosto de O clube da luta. Na verdade, acho que é um trabalho ainda pior do que ele fez em Aliens 3 e O quarto do pânico. Sei que serei amplamente criticado pelos fãs do filme, que acredito serem muitos, mas faz parte da vida.
Edward Norton interpreta um personagem cujo nome não sei dizer qual é. O que sei é que ele trabalha em uma empresa de seguros e está extremamente insatisfeito com a sua vida. Pessoalmente ou profissionalmente. Ele é depressivo e não consegue dormir há vários dias. São em grupos de ajuda que ele finalmente encontra sua catarse. A dor das outras pessoas o faz dormir como um bebê.
O seu "tratamento" começa a dar errado quando Marla (Helena Bonham Carter) começa a aparecer nos mesmos grupos que ele frequenta, incluindo câncer testicular. Ela é um "turista" como ele, e saber disso o incomoda a ponto de não mais conseguir dormir. A falsidade dela espelha a dele.
Até que em um voo a trabalho, ele conhece Tyler Durden (Brad Pitt), um estranho que parece identificar o âmago dele. Eles trocam contatos, e quando o personagem de Norton descobre que seu apartamento explodiu, ele procura Tyler para abrigo. É quando eles formam o tal Clube da Luta.
Cada filme é dividido, na maioria das vezes, em três atos. Este primeiro ato, é uma brilhante crítica ao consumismo e ao estilo de vida americano de viver. Quanto mais se tem, mais se quer. Mesmo que não precise de nada disso. Um filme inteligente, com humor sarcástico de primeira. Pena que vem o segundo ato e tudo construído no primeiro vai por água abaixo.
O segundo ato é uma ode à violência. Um festival de sangue, caras quebradas e sons que engrandecem cada soco dado. A inteligência que domina a primeira parte sobrevive em parcos momentos aqui. A única coisa a ser considerada é a violência.
Tyler é um personagem carismático, de certa forma. Digo isso com ressalvas, porque ele tem uma maneira peculiar de mostrar sua filosofia. Parece interessante, mas não é de nenhum utilidade para mim, e prefiro acreditar que não deveria ser para a maioria das pessoas. Seu carisma se resume a convencer todos a lutarem em lugares duvidosos. E é seu carisma que leva o filme ao seu terceiro ato.
No terceiro ato, a influência de Tyler faz com que se crie um projeto diferente do Clube da Luta. Ele usa todo seu carisma para recrutar membros do Clube para o Projeto Destruição, que basicamente tem a intenção de criar caos e destruição pelas cidades dos EUA. Lembra alguma outra pessoa que levou todo a Alemanha para a guerra? É como Tyler.
Nenhum membro fica mais forte, mais sábio ou tem qualquer outro tipo de melhoramento na sua vida. Eles apenas ficam trocando socos, e depois seguem um fascista para criar caos. Eles estão mais para membros de um culto que poderiam seguir Charles Manson e matar pessoas em suas casas. Fora todo o clima de mistério que é meio desnecessário para a trama, com as dúvidas do que é real ou não.
O que realmente se salva durante todo o filme é a competência de seu elenco. Norton e Pitt estão pefeitos em seus papéis e Carter chega para colocar a cereja no topo. Todos impecáveis. Difícil ver um elenco que se encaixa tão bem. E uma pena que tenham sido usados nesse filme.
Seja qual for a mensagem que Fincher quisesse passar, ela ficou perdida na confusão e na violência.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente com a tua análise. Todo mundo diz que ou se ama ou se odeia O Clube da Luta. Eu, como vc, fico em um meio termo. Acho um bom filme, com qualidades, mas não penso que ele seja nada dessa coisa toda revolucionária que a maioria da critica vê nele.
    E além dos que tu citou, eu acho Zodíaco também um filmaço do Fincher.
    Grande abraço

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  2. Engraçado é que ele só aceitou fazer "Zodíaco" para pode fazer o Benjamin Button.
    Acabou fazendo um trabalho "sob encomenda" melhor do que o projeto que ele realmente queria fazer.

    Abraço.

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  3. Acho que é um filme reflexivo, cheio de mensagens subliminares e o elenco, de fato, impressiona! Um dos melhores filmes de Fincher!

    ps: obrigado pelo elogio ao Apimentário, sinta-se a vontade de aparecer mais vezes e ler mais sobre outros filmes. Ando te lendo aqui, aos poucos.

    Tem msn? twitter? abraço

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  4. Realmente discordamos sobre os filmes do Fincher.
    rs

    Mandei uma mensagem pelo seu blog com contatos.
    Vamos trocar umas idéias.

    Abraços.

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