quarta-feira, 30 de junho de 2010

NOSTALGIA: MISSISSIPPI EM CHAMAS


NOTA: 9.
"Baseball é a única vez que um um negro pode balançar um pedaço de pau para um homem branco sem começar um tumulto." Anderson

Esse é um daqueles filmes corajosos. Foi rodado em 1988 e contava com fatos que aconteceram em 1964. Na época, nem eram fatos tão antigos, mas que ainda marcavam a história recente dos EUA. O fato no caso foi o desaparecimento de três jovens que lutavam pelos direitos civis dos negros, sendo um deles negro. Um filme que caiu como uma luva nas mão de Alan Parker, que naquela época já tinha em seu currículo Coração satânico (Com Mickey Rourke e Robert De Niro) e O expresso da meia noite.
Claro que não se trata de um documentário. Parker usa os fatos apenas para contar uma história. Aqui, a história gira em torno dos dois agentes do FBI que investigam o caso dos garotos desaparecidos. Os dois tem métodos totalmente diferentes e não conseguem se entender. Na verdade, cada um acha que deve comandar ao seu jeito.
Anderson (Gene Hackman) é o agente da velha guarda. Parece que para ele é mais importante resolver o caso do que seguir as regras. Ele mesmo já morou numa cidade como aquela e sabe como as coisas funcionam. Ele vai discretamente interrogando os locais como se fosse um deles. Inclusive flertando com a mulher de um policial (Frances McDormand). Claro que não é por acaso, a mulher é o único que o policial tem para a hora do desaparecimento.
Ward (Willen Dafoe) faz tudo como manda o livro. Ao invés da discrição, ele aluga um cinema e convoca centenas de agentes do FBI para trabalharem no caso e procurarem os corpos desaparecidos. Sem contar que não faz a menor idéia de como lidar com a população do local. A atuação dos três atores é fenomenal.
A grande força do filme é como ele mostra a cidade. É comum vermos filmes que retratem cidades como se o ponto de vista viesse de fora. Não é o caso aqui. Quase parece que moramos naquele lugar, vemos seus costumes, como lidam com as situações e o racismo. Como as cidades do interior eram racistas. Ward pergunta algo a um negro que se recusa a responder. Mesmo assim ele é espancado. Imagina se tivesse falado. Grande parte dessa intimidade com a cidade parte também de Anderson e do jeito sutil como se mistura.
Não lembro de ter visto nenhum outro filme que tratasse questões cruciais como podemos ver aqui. Não por coincidência ele foi indicado ao Oscar de melhor ator para Hackman, melhor atriz coadjuvante para McDormand, melhor filme e melhor diretor. Frances perdeu para Geena Davis e só foi receber seu prêmio em 1997 por Fargo. O Oscar de filme, melhor ator e direção foram todos para Rain Man, que na minha opinião não envelheceu tão bem. O prêmio de consolação veio por melhor fotografia. Infelizmente Parker nunca teve o seu prêmio, talvez sua maior vitória é ter pelo menos dois filmes que não serão esquecidos tão cedo (esse e O expresso da meia noite).

HOMEM DE FERRO 2


NOTA: 7.
"Se fizer Deus sangrar, as pessoas vão deixar de acreditar nele." Ivan Vanko

Claro que um filme que faz a bilheteria que o primeiro Homem de ferro fez vai ter uma continuação. Se cogitaram até mesmo continuações de filmes como O sexto sentido e Gladiador, com um personagem de história em quadrinhos não seria diferente. Assim, resolveram seguir também a fórmula das continuações: mantém o básico do primeiro com mais coisas pra chamar atenção da platéia. Ênfase no mais, claro: mais explosões, mais efeitos especiais e por aí vai.
Então basicamente fica a história do primeiro, o que, infelizmente, não deixa espaço para surpresas para a platéia e transforma o filme em mais do mesmo. O que pode parecer uma forma acertada de fazer o filme mas que o faz perder se o compararmos com outras segundas partes de franquias de quadrinhos, como O homem aranha, Batman e X-men, que superaram seus antecessores. Só se supera mesmo no humor, em grande parte por causa de seu roteirista (Justin Theroux, de Trovão tropical).
Como manda a cartilha, todo herói precisa de uma falha para ser explorada. Aqui, o material que fornece energia àquela placa no peito de Stark e o mantém vivo o está envenenando também, o que o levará a morte a menos que ele encontre uma alternativa. Ao mesmo tempo ele tem que combater um senador que quer a tecnologia da sua armadura e um concorrente na indústria armamentista, Justin Hammer (Sam Rockwell), mas seu problema real é Ivan Vanko (Rourke), filho de um cientista que proclama que o pai de Stark roubou tecnologia do pai dele.
Mudanças: Don Cheadle substitui Terrence Howard como Rhodey e o acréscimo de Scarlett Johansson como Viúva Negra. A substituição eu não entendi, já que Howard é também muito competente, então não foi grande a alteração, e o acréscimo serve mais para beleza que por outro motivo. A personagem de Johansson é meio desnecessária e só serve para dar golpes que giram pra um lado e pro outro sem fazer muito sentido.
Então resta falar do que o filme tem a mais que seu anterior. Primeiro devo destacar o elenco. Claro que um filme desse não precisa de muito talento, mas quando tem ele melhora um pouco. Downey dá seu show particular assim como a boa presença de Rockwell, mas quem surpreende aqui é Rourke, impressionando desde sua "ressurreição" e roubando a cena de cada filme que atua. As cenas de ação tentam ser melhores, pelo menos vemos que foi gasto muito dinheiro, mas não impressionam tanto e parecem desnecessárias. Pra se ter uma idéia, a melhor cena é uma das mais simples, quando Vanko destrói o carro que Stark está correndo. Mas desnecessária mesmo é uma cena onde Stark e Rhodey protagonizam um combate de armaduras.
Basicamente, (o diretor) Favreau dá um passo atrás em relação ao primeiro filme. Em parte, talvez, seja pela tentativa da Marvel de querer fazer logo um filme dos Vingadores e ele tenha que colocar subtramas e personagens para que isso aconteça (talvez também tenham exigido a tal batalha das armaduras). Não é um filme tão independente quanto o primeiro. Não que o filme seja ruim, só não consegui me empolgar com ele.

terça-feira, 29 de junho de 2010

TOY STORY 3


NOTA: 9,5.
(Enquanto olha para seus brinquedos) "Obrigado, pessoal!" Andy

As "terceiras partes" de franquias costumam ser terríveis e acabam afundando o que costumava gerar bons filmes. Temos como exemplo O poderoso chefão, Homem aranha, X-men e Rocky como exemplos. E claro que muitos outros que nem valem a pena serem mencionados. Que alívio então é ver que o terceiro da franquia dos brinquedos escapa dessa maldição e mostra um filme no mínimo tão bom quanto seus antecessores. Os brinquedos estão de volta com tudo.
Não todos. Andy agora está a caminho da faculdade. Ele já não brinca mais com seus brinquedos e guarda somente os seus preferidos (e provavelmente os seus também). Eles até montam uma operação para serem brincados uma última vez, mas não adianta. Andy deve decidir se os brinquedos vão para o lixo, doados a um orfanato ou guardados no sótão. Por uma série de acidentes eles acabam no orfanato. Todos decidem ficar lá para serem brincados. É Woody quem foge sozinho. Ele é o único que ainda se importa com os deveres que eles tem com Andy.
Ele acaba parando na casa de uma menina e é lá que descobre que o orfanato é dominado cruelmente pelo urso Lotso (os outros descobrem da pior maneira) e parte para resgatá-los. Basicamente ele deve resgatar seus amigos e voltar para casa antes que Andy vá para a faculdade. O que se torna pior ainda para brinquedos com suas pernas curtas e os problemas que tem de transporte.
Os dois primeiros filmes focavam na relação dos brinquedos com Andy. Aqui, os problemas estão focados nas relações entre eles mesmos. Se isso pode dar a impressão de ser uma bola fora (quem se importa com brinquedos?), lembre-se que estamos falando de um filme da Pixar, a antítese dos filmes de Bruckheimer. Sim, é possível se importar com brinquedos e melhor ainda, é possível fazer um filme que agrade pessoas de 8 a 80 anos. E de qualidade. Aprenda, Bruckheimer.
Poderia falar dos efeitos em 3D, mas isso não é tão importante no filme. Eles usam os efeitos com parcimônia e de forma agradável. Acredito que ninguém vá reclamar de dor de cabeça saindo do cinema. O que pode sair é com a barriga doendo de tanto rir. Especialmente com a transformação de Buzz numa versão falando em espanhol e dançando Flamenco e a introdução de Ken (da Barbie, dublado por Michael Keaton). Simplesmente hilário.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

KICK-ASS: ARREBENTANDO TUDO


NOTA: 7.
"Sem poderes, vem nenhuma responsabilidade. Exceto que isso não era verdade." Kick-ass

Esse é o segundo filme baseado em um quadrinho de Mark Millar. Em 2008 já tinha chegado nos cinemas o (também) ultra violento Procurado, com Angelina Jolie e James McAvoy. Nunca li nenhum desses quadrinhos que originaram os filmes, então me pergunto se os mesmos também são tão violentos ou se os filmes estão apenas seguindo um triste padrão. Afinal, Gladiador não tinha tanta violência quanto.
Aqui acompanhamos um nerd de colégio que resolve ser um herói fantasiado. Ele não tem o menor jeito para a coisa. Claro que durante o filme ele apanha mais que consegue bater em alguém, mas devo reconhecer que o esforço é louvável. Ou talvez ele seja apenas masoquista. Sua iniciativa faz com que surjam outros com a mesma idéia, e estes são Big Daddy (Nicolas Cage) e Hit Girl (Chloe Grace Moretz) . Diferentes do herói do título, esses sim tem jeito para a coisa.
A premissa do filme é que nenhum deles são super-heróis. Na prática, porém, tudo vai por água abaixo assim que Hit Girl entra em ação. A menina de 12 anos pula, atira e bate como nenhuma pessoa normal conseguiria. E digo mais, ela domina artes marciais como nenhuma outra pessoa de qualquer idade. Incluindo Jet Li e Jackie Chan. Além disso ela tem a incrível capacidade de falar mais palavrões que o mais desbocados personagens já falaram.
Se a personagem por si só já parece perdida para o lado negro, imagine vê-la sendo espancada por adultos com o triplo de sua idade e seu tamanho. Se para algumas pessoas, verem adultos sendo espancados já pode incomodar, imagina alguém dessa idade. Além disso, ela sequer se importa com as consequências de assassinar dúzias de pessoas. Talvez por causa da criação psicopata de seu pai, que quer apenas acabar com o império de um chefão criminoso (Mark Strong, se especializando em vilões), mesmo que para isso sacrifique a infância da menina.
Ainda assim o filme não é uma perda de tempo. Diferente dos filmes que escrevi na última vez, este pelo menos tem boas cenas de ação. Com muito sangue jorrando, claro. Me preocupa um pouco que esta seja a tendência dos novos filmes. Vamos ver o que o futuro do cinema reserva para nós. Ah, sim. Há ainda a presença do mais conhecido nerd dos cinemas: McLovin, fazendo o filho do chefão e também o "herói" Red Mist. Hilário.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

PRÍNCIPE DA PÉRSIA: AS AREIAS DO TEMPO


NOTA: 5
"Um grande homem teria impedido o que estava errado. Não importa quem estivesse ordenando." Rei Sharaman

Sabe quando você lê sobre um determinado filme infantil, desenho animado ou não, e alguém escreve que ele só vai agradar as crianças? Jerry Bruckheimer (produtor do filme) faz o mesmo, só o alvo muda. Seus filmes são feitos para adolescentes e adolescentes apenas. O problema é que, geralmente, pelo menos as cenas de ação chamavam atenção da platéia. Aqui, baseado nos movimentos de parkour, a ação chama atenção pela apatia.
Dastan (Jake Gyllenhaal) é um orfão adotado pelo rei da Pérsia, Sharaman. Ele é um príncipe sem direito ao trono, já que o rei tem dois filhos legítimos. Juntos eles invadem uma cidade pacífica chamada Alamut, regida por Tamina (Gemma Arterton), e logo após da invasão ele é acusado de planejar a morte do rei e foge com Tamina. Ele quer provar que não é culpado, ela está mais interessada na adaga que ele conseguiu durante a invasão, uma adaga capaz de fazer quem a empunha voltar no tempo.
Claro que como todo filme de Bruckheimer, este tem todos os clichês do cinema que ele pode usar. Dastan e Tamina não se dão bem no início, sempre trocando farpas, e assim eles vão avançando pelo filme sempre em atrito, até começar a gostarem um do outro (não ajam como se tivesse estragado alguma surpresa do filme). E no caso dele, sempre escalando coisas e pulando por paredes. E como não pode faltar uma saída cômica, aqui ela está na forma de Alfred Molina em outra grande perfomance.
Fica muito complicado de se preocupar com um personagem que sempre que corre perigo pode voltar no tempo e mudar os eventos. Especialmente quando toda a produção do filme está preocupada em nem sequer arranhar o rosto bonitinho de seu protagonista. E como foi dito antes, as cenas de ação não empolgam nem um pouco e com o CGI se tornam cada vez mais impossíveis e desinteressantes. Se o mocinho está numa situação que parece sem saída, você não precisa se preocupar. Com o CGI ele escapará ileso. No final, fica a impressão que pode ver cenas de parkour muito mais interessnates simplesmente procurando no youtube.
Na verdade, parece tudo parte de uma estratégia americana. Primeiro eles invadem o Oriente Médio militarmente, e agora Hollywood acaba por destruir sua cultura. Primeiro com Sex and the city 2 e agora com este. Se ao menos os protagonistas fizessem um mínimo de esforço, como Molina, para parecerem interessantes, poderia ter algo mais para curtir no filme, mas eles simplesmente resolveram serem tão apáticos quanto as cenas de ação.

ESQUADRÃO CLASSE A


NOTA: 4.
"Me dê um minuto eu sou bom. Me dê uma hora e sou ótimo. Me dê seis meses e sou invencível." Hannibal

Essa frase é uma das muitas barbaridades proferidas pelos personagens desse filme. E olhe que é Liam Neeson quem a profere. Bem, como se descobre ao final da sessão, tudo o mais no filme é ridículo, despropositado e com o objetivo de contar história nenhuma. O único interesse que o diretor Joe Carnahan (que teve um início promissor com Narc, mas se perdeu logo eu seu filme seguinte A última cartada) é agradar a platéia adolescente. Como ele disse: "Se você não gosta de um tanque voando, não gosta de um filme de férias." Então parece que eu não gosto de um filme de férias. Quero dizer, custa fazer um filme que tenha ação e substância como Guerra ao terror?
A "história" do filme consiste num esquadrão de fuzileiros que se encontra da maneira mais improvável possível. Começa no México, quando B.A. quase é roubado por Hannibal e juntos soltam Cara-de-Pau. Eles fogem com a ajuda de um maluco, Murdock, e formam o esquadrão do título. 8 anos depois e 80 missões bem sucedidas, eles são traídos e envolvidos numa conspiração que envolve placas de falsificação de dinheiro. Claro que o único modo de limpar o nome é achando os verdadeiros culpados.
Eu até poderia falar mais sobre a "história" do filme, mas se o diretor e seus co-roteiristas não se preocuparam com ela, não serei eu quem darei atenção a isso. Basta dizer que além dos principais, tem um agente da CIA chamado Lynch (assim como todos os outros agentes da CIA que também tem esse nome) e Sosa, uma agente do exército que só serve para mostrar uma mulher bonita em cena indicando que o protagonista não é gay.
O filme é uma recriação (ou deveria dizer massacre?) de uma série dos anos 80. Para a série, o plot era entretenimento suficiente para segurar a platéia. No cinema, com duas horas de duração, o filme parece uma tortura. Principalmente por apresentar os personagens mais desinteressantes possíveis, tornando quase impossível para mim de me identificar ou mesmo me importar com qualquer um deles. Se todos morressem com uma hora de filme, teria sido ainda melhor para mim. Carnahan diz que eu não sei gostar de um filme de verão? Bem, talvez ele pudesse aprender a fazer que fosse interessante. Ou mesmo relevante. Acredite, depois de meia hora, você já esqueceu tudo sobre o filme. E agradeça por isso acontecer.

domingo, 13 de junho de 2010

DEFENDOR


NOTA: 7.
"Lembra quando salvou a vida de Jack? Eu nunca vou me esquecer desse dia. Você era apenas um cara comum fazendo uma coisa extraordinária. Pessoas comuns fazem coisas extraordinárias o tempo todo. Você sempre vai ser aquele herói, Arthur." Paul Carter

Alguém já tinha imaginado Woody Harrelson como um super-herói? Não digo como herói de um filme, como no bom Zumbilândia, mas um super mesmo, com uniforme e tudo? O resultado pode ser conferido aqui, no mais improvável filme deste gênero, que conta também com muito humor negro e drama para contar a história do mais improvável dos super-heróis que o cinema conheceu.
Desculpem a repetição do improvável, mas vendo o filme dá para entender porquê. Harrelson é Arthur Poppington, o personagem cujo alter ego é o super-herói que dá o nome ao filme. Arthur não tem nenhum tipo de super poder. Ele seria como uma versão mais tosca de Kick-ass, que está pra estrear. Na verdade, ele é mais limitado que as outras pessoas, com um QI abaixo da média e uma certa dificuldade de entender as coisas.
Quando está em ação, Defendor é o mais clichê dos supers quando abre a boca. Frases que já ouviu em mais filmes que consegue lembrar como: "O perigo tem um jeito de me encontrar.", "Existem 8 maneiras de sair desse lixo, eu escolho a porta da frente." e "Eu sou seu pior pesadelo" saem frequentemente da sua boca. O que não é clichê é a maneira que ele combate o crime, com técnicas que incluem bolas de gude e vespas.
Ele se junta a uma adolescente prostituta, Kat (Kat Dennings), que diz ter informações sobre o inimigo que ele tanto procura, o Capitão da Indústria que ele responsabiliza pela morte de sua mãe. O cafetão de Kat se transforma numa espécie de arqui-inimigo dele, um tira corrupto que ajuda a máfia, principalmente o chefão Kristic, cujo envolvimento criminoso inclui prostituição e tráfico de armas.
Arthur é obrigado a visitar uma psicóloga (Sandra Oh), e é nas conversas com ela que descobrimos o que o impulsionou a se vestir todo de preto e colocar uma fita adesiva prata formando um "D" no peito. E lá também começamos a pensar nos atos dele. Moralmente, ele está certo ou errado? "Eu não sei, Arthur.", é a resposta que ela dá.
A história do filme se desenvolve meio precariamente. Certas vezes você vai até ter a impressão de que o filme parece estar se repetindo, dando voltas e voltando pro mesmo lugar. O que impede o filme de cair na chatice é o talento de Harrelson, que segura todos os defeitos do filme e os tira de letra, sem nunca deixar o filme perder seu encanto. E é ele que você vai acompanhar e torcer. Pode um homem fazer a diferença? É ver pra crer.

terça-feira, 1 de junho de 2010

ILHA DO MEDO


NOTA: 6.
"Eu fico perguntando que é pior: viver como um monstro ou morrer como um homem bom?" Teddy Daniels

Sempre que um novo filme de Scorcese está para ser lançado, uma grande expectativa se lança em cima do projeto. Certamente ele é uma lenda do cinema e um dos poucos profissionais da sua época que continuam filmando com qualidade. A única outra exceção que me vem à cabeça é Eastwood, mas esse na verdade hoje filma com qualidade superior. Infelizmente, mesmo os grandes cineastas não estão livres de decepcionar a platéia. E foi assim que me senti ao final de Shutter island, sua quarta parceria com DiCaprio. Não que o filme seja ruim, é só que seu nome gera as tais expectativas de tinha falado antes.
A ilha do título, é uma espécie de Alcatraz da psiquiatria. Os criminosos considerados insanos vão para lá, de onde parece ser impossível fugir. É lá que chegam Teddy Daniels (DiCaprio) e Chuck Aule (Mark Ruffalo), dois agentes federais para investigar a fuga de uma paciente. A chegada na ilha chega a ser sinistra, como a equipe de filmagem que chega na ilha de King Kong. Antes que esqueça, vale ressaltar que a época é logo após a segunda guerra mundial e plena época da guerra fria.
Aos poucos o diretor vai trocando o tom do filme. O que começou com um policial noir vai dando espaço a um drama psicológico. Parece haver algo errado com aquela instituição dirigida por Ben Kingsley e Max Von Sydow. O drama policial vai dando espaço para o psicológico e a própria sanidade dos personagens começa a ser questionada. Até mesmo uma conspiração de experimentação psicológica que pode estar acontecendo na clínica surge. O que será verdade e o que não é?
Aqui é que o filme perde sua força. Scorcese tenta realizar um filme com toques de Hitchcock, mas mesmo com sua enorme habilidade isso é uma tarefa isso se mostra ingrata. O mestre do suspense se valia se um único MacGuffin (um truque no filme, para enganar a platéia) em seus filmes. Scorcese faz uso de tantos que o filme parece estranho demais e fica a impressão que algo está muito errado.
O resultado faz com que o filme fique confuso em demasia e perca seu ritmo. Acho que a única coisa que impede o filme de ficar sonolento é a participação de ótimos atores como Emily Mortimer, Patricia Clarckson e Jackie Earle Haley. O final acaba sendo fraco demais para um filme desse porte. Claro que alguns dirão que há um detalhe no final que grita a genialidade do diretor. Eu não concordo. Facilmente se percebe que nenhuma cena no final se compara com as do meio do filme, quando ele ainda tinha um ritmo (em especial as cenas de sonho, que são maravilhosas). O final faz, na verdade, o resto do filme parecer desnecessário. Um desperdício de talento.
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