sexta-feira, 15 de outubro de 2010

QUANDO OS HOMENS SÃO HOMENS (1971)


NOTA:7.
"Tudo que você me custou até agora foi dinheiro e dor. Dor, dor, dor." McCabe

O diretor Robert Altman teve uma longa e próspera carreira na televisão antes de se aventurar no cinema. Foram inúmeros trabalhos em seriados de sucesso da época, que incluem Alfred Hitchcock apresenta entre outros. Além disso, dirigiu alguns episódios do seriado Combate, que falava sobre a Segunda Guerra Mundial. Não por acaso, o filme que o lançou para o estrelato foi M*A*S*H*, que também fala sobre a guerra. Também havia dirigido dois seriados sobre faroeste: Bonanza e Maverick (que rendeu o filme homônimo com Mel Gibson), então também não é coincidência ele ter voltado a fazer um faroeste.
McCabe, o personagem título é interpretado por Warren Beatty (que tem aparecido bastante ultimamente aqui nas postagens), que também era produtor filme e contratou Altman depois do sucesso que ele fez com seu filme anterior. Beatty procurava diretores de vanguarda,e não havia nada mais de vanguarda no momento que Altman. Seu M*A*S*H* tinha causado uma revolução na indústria, principalmente pelo seu uso com o som e sua narrativa, onde acontecem muitas coisas ao mesmo tempo. Duas coisas que ele repete aqui.
McCabe chega a uma pequena cidade. Ele não é um pistoleiro. Como ele mesmo se intitula, é um homem de negócios. E o negócio que ele pretende montar é o trabalho mais antigo que conhecemos. Sua idéia é montar um prostíbulo com um bar. Seus negócios tomam uma trajetória diferente com a chegada de Mrs. Miller.
Ela é uma prostituta que o convence a torná-la sócia. Não é o que ele tem em mente, já que segundo ele somente um tolo aceitaria se tornar sócio de uma mulher, principalmente porque ninguém o respeitaria. Mas quando ela o indaga sobre que atitudes tomar em certas situações que podem acontecer com as mulheres que trabalham na casa, ele vê que não tem muita escolha.
Os negócios começam a ir bem até que aparecem dois homens dispostos a comprar os negócios de McCabe por um preço que ele não considera justo. Ele acha que pode conseguir o preço que almeja mas os homens vão embora antes disso, e McCabe terá que lidar com as consequências de seus atos, o que pode ser pagar com a própria vida. Tanto que quando procura um advogado para defendê-lo, este lhe diz que "quando os homens pararem de morrer pela liberdade, a liberdade em si estará morta". Aparentemente não há defesa para ele se não a defesa que cada homem tem naquela região: sua própria arma.
Altman teve uma chance de realizar um faroeste memorável. Geralmente os filmes do gênero são sobre matar e morrer. Não que este não tenha o tiroteio obrigatório, afinal não há como fugir tanto assim, mas este filme fala mais sobre vida que a morte. É a vida de McCabe que acompanhamos e que nos interessa tanto. Um diferencial e tanto no filme.
Porém, Altman não consegue chegar lá. Ele usa os mesmos recursos que usou antes, mas o resultado não é o mesmo. Primeiro porque o som é muito ruim e em várias partes mal conseguimos ouvir o que os personagens estão falando. Além disso, há cenas em que a música entra sem objetivos muito definidos e alta demais. O próprio Altman admitiria os problemas de audio. Além disso, a direção "anárquica", com eventos paralelos acontecendo a todo momento, não funciona tão bem assim aqui. Em M*A*S*H*, haviam muitos personagens que tinham relevância para a história. O personagem era o centro médico, não os médicos em si.  
Neste filme há dois personagens principais, e os eventos que ficam ocorrendo paralelamente não servem a história. Apenas atrapalham. Não levam a história para frente porque não acontecem com personagens que tenham relevância. Mas ainda assim uma obra que vale a pena ser vista. Se não por ser perfeita, por pelo menos ter tentado ser o melhor faroeste da história.

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