terça-feira, 1 de setembro de 2009

KRAMER VS KRAMER


NOTA: 9.
- Quanta coragem é preciso para uma mãe abandonar o filho?

Este filme aborda uma questão que sempre considerei interessante:quando os pais se separam, quem tem mais direito a ficar com a criança? Normalmente, é claro que a guarda sempre costuma ir para a mãe. Meio óbvio devido ao fato que ela consegue suprir necessidades em um bebê que o pai não consegue. Mas e depois que a criança atinge uma certa idade, o que muda? Pelo visto pouca coisa, mas este filme não ajudou muito a entender o porquê.
Isso porque o filme não toma parte do pai ou da mãe, pelo contrário, ele deixa o espectador decidir pra que lado torcer. Se é possível escolher um lado para torcer numa situação como essa. Essa é sua maior força, na verdade. É com isso que ele consegue ser tão intrigante. Tomasse partido, perderia metade da sua força. Nenhum dos dois parece estar certo na situação. São dois egoístas que só querem mais tempo para si mesmos.
Nesse egoísmo, Joanna Kramer (Meryl Streep) abandona seu marido, Ted (Dustin Hoffman), com o filho do casal, Billy. “Eu não sou boa mãe para ele.”, ela diz. Ela precisa de tempo para se encontrar. Descobrir a mulher que poderia ter se tornado se não tivesse abandonado tudo para se tornar esposa e mãe. E pai e filho devem aprender a viver juntos sozinhos, tendo que conciliar o trabalho com a educação do filho, Ted finalmente se torna um pai.
Acontece que essa não é uma história de pai e filho aprendendo a viver juntos. É a história de um casal lutando pela guarda do filho. A criança apenas teve o azar de estar presa no meio da situação. Depois de anos, Joanna volta e quer a guarda do filho. Aí começa a batalha pela custódia do filho. “Não vai ser bonito. Vamos dizer coisas sobre ela e eles vão dizer coisas sobre você. E no final o juiz sempre pode favorecer a maternidade”, lhe avisa o advogado de Ted.
Ambos querem a guarda do filho. Joanna diz agora que está pronta para ser a mãe que Billy merece. Ted não fica para trás. Despedido, ele sabe que precisa de um novo emprego para ter alguma chance de ganhar a guarda. E consegue em 24 horas numa véspera das festa de fim de ano. Essa é a vontade que ele tem para ficar com o filho.
É nesse momento em que podemos tender a escolher um lado. Talvez o dele, pois o vemos mudar como homem e como pai. Talvez porque ela os abandonou. Mas nós conhecemos Ted antes da mudança e ele não era uma pessoa agradável. E ele sabe disso nesse momento. Ele não guarda mágoas dela. Se ele pode perdoá-la, como não podemos? Talvez se fossem se casar nesse momento do filme, não se separariam.
Não posso esquecer das performances dos atores. A escolha não poderia ser mais perfeita do que Dustin Hoffman e Meryl Streep. Dois monstros do cinema que dão uma veracidade impressionante ao filme e nunca deixam o clima cair em momento nenhum. No final é difícil decidir pra quem torcer. São personagens muito profundos e interessantes. Num mundo perfeito, eles ficariam juntos. Mas se o filme tivesse um final de mundo perfeito, estragaria a força da história.

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