terça-feira, 29 de setembro de 2009

CORAÇÃO SATÂNICO


NOTA: 9.
“Quão terrível é a sabedoria quando ela não traz nada de bom para o conhecedor dela, Johnny?” Louis Cyphre
Ao final do filme, eu fiquei me perguntando se ele se tratava de uma história policial ou de um filme de terror. Acho que o mais correto seria dizer que se trata de um filme policial com requintes de terror, mas não consigo ter muita certeza.
Acompanhamos Harry Angel (Rourke), um detetive pé de chinelo que cuida apenas de pequenos casos. Na maioria das vezes, casos conjugais. Até ser contratado por Louis Cyphre (De Niro), um estranho homem que deseja procurar um soldado desaparecido e ex-roqueiro chamado Johnny Favorite.
Não é o tipo de caso a que ele está acostumado, mas Cyphre insiste e lhe oferece um bom dinheiro. O problema é que a busca por Favorite o leva pelo submundo dos EUA, incluindo uma trilha de cadáveres frescos que parecem o perseguir, fazendo que sua situação só piore e não possa largar facilmente o caso.
Falando assim, pode parecer apenas mais um filme policial como existem aos montes. De certa forma, até chega a ser. Então o que torna esse filme mais interessante? O sobrenatural. O diretor e roteirista entrega um filme onde as coisas não são o que parecem ser. O submundo do filme esconde muita sujeira e magia negra.
Por isso, o filme é levado até o limite tanto em sua forma visual quanto na atuação dos próprios atores. De Niro aparece com um longo cabelo negro, uma barba estranha mas cuidadosamente cuidada e unhas que lembram as do Zé do Caixão. Ele entrega um personagem enigmático com uma atuação inspirada, mesmo que tenha pouco tempo em cena. Quando o vir descascando um ovo, entenderá do que estou falando.
Ele conta ainda com Mickey Rourke, aqui, no seu auge. Ele entrega uma ótima interpretação de um homem que aos poucos vai perdendo sua razão por conta da situação. Incrível como um ator pode fazer sucesso apresentando personagens tão relaxados.
O filme é de 1987 e dirigido por Alan Parker, que já havia entregue a pérola O Expresso da Meia Noite, além de outros filmes como o musical infantil Quando as Metralhadoras Cospem e o Pink Floyd The Wall. Aqui, ele entrega um filme tão inspirado quanto seus antecessores.
No final do filme vem a revelação do mistério. Por mais estranho que pareça a revelação com seus toques sobrenaturais, ela faz sentido. Ainda que de forma distorcida. Mas somos perfeitamente capazes de aceitar. Porque o diretor nos prepara para ela com extrema habilidade. Pena que ele tenha diminuído consideravelmente seu ritmo de trabalho.

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